Modelo de contrato de holding familiar: o que é e como fazer?

modelo de contrato de holding familiar

A criação de um modelo de contrato de holding familiar é uma medida estratégica para proteger o patrimônio de uma família, organiza a gestão dos bens e otimiza aspectos sucessórios e tributários. Por meio desse instrumento, é possível formalizar regras claras para a administração de empresas e imóveis, evitando conflitos e assegurando o futuro das próximas gerações.  

Neste texto, você entenderá o que é uma holding familiar, como criar seu contrato social, quais cláusulas são indispensáveis e, ainda, poderá acessar um modelo de contrato de holding familiar para usar como referência no seu trabalho. Boa leitura! 

O que é holding familiar? 

Holding familiar é uma empresa constituída com o objetivo de administrar o patrimônio de uma família, reunindo bens móveis e imóveis, participações societárias, investimentos e outros ativos sob uma única estrutura jurídica. 

Essa estratégia é amplamente utilizada por famílias que desejam garantir a continuidade de seus bens e evitar conflitos, pois apresenta vantagens significativas. Veja: 

  • Facilidade no planejamento sucessório: a transferência de quotas da holding entre herdeiros é mais simples, rápida e menos onerosa do que a partilha tradicional no inventário. 
  • Benefícios fiscais: reduz a carga tributária na administração e transmissão do patrimônio. Em alguns casos, o Imposto de Renda, o ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação) e outros tributos podem ser otimizados. 
  • Proteção patrimonial: os bens da holding ficam mais protegidos contra possíveis credores pessoais dos sócios, desde que respeitadas as normas legais. 
  • Gestão centralizada: proporciona maior controle sobre os ativos familiares, com decisões organizadas e claras entre os sócios. 

No Brasil, o conceito de holding é regulamentado pelo Código Civil (Lei nº 10.406/2002), principalmente nos artigos 981 a 1.195, que tratam das sociedades empresárias e dos contratos societários. 

Como criar o contrato social da holding familiar? 

O contrato social é o documento que formaliza a constituição da holding familiar. Ele deve ser elaborado de maneira clara e detalhada, contemplando as regras que vão reger a sociedade e a administração do patrimônio. Confira os principais passos: 

1 – Escolha o tipo societário 

A escolha do tipo societário da holding familiar depende do perfil e das necessidades da família. Ela pode ser constituída como: 

  • Sociedade Limitada (Ltda.): modelo mais comum, com administração simplificada e divisão de quotas. 
  • Sociedade Anônima (S.A.): geralmente utilizada em holdings mais complexas, com emissão de ações e maior controle sobre a governança. 

2 – Defina o objeto social 

O modelo de contrato de holding familiar deve definir claramente o objetivo principal da holding, que é a administração de bens próprios, participação em outras empresas e investimento patrimonial. 

3 – Distribua o capital social 

O capital social deve ser dividido entre os sócios, que são os membros da família, em quotas proporcionais à contribuição de cada um, detalhando valores e formas de integralização (bens ou dinheiro). 

4 – Elabore as cláusulas do contrato 

Insira cláusulas que protejam a empresa, organizem o patrimônio e definam regras sucessórias, como administração da sociedade, distribuição de lucros e dividendos, transferência de quotas e sucessão e ainda resolução de conflitos. 

5 – Registre na Junta Comercial 

Após a assinatura, o modelo de contrato de holding familiar deve ser registrado na Junta Comercial do estado onde a holding será estabelecida. 

Quais são as principais cláusulas contratuais de uma holding familiar? 

O sucesso de uma holding familiar depende da qualidade e da clareza do seu contrato social. Por isso, algumas cláusulas são fundamentais. Confira: 

– Cláusula de administração 

Define quem são os administradores, suas funções e os limites de atuação. É comum que um ou mais membros da família assumam essa responsabilidade. 

– Cláusula de sucessão 

Estabelece como será feita a transferência de quotas em caso de falecimento, garantindo que os bens permaneçam na família e evitando a abertura de inventário judicial. 

Cláusula de distribuição de lucros 

Regulamenta como os dividendos serão distribuídos entre os sócios, preservando a transparência e evitando conflitos. 

– Cláusula de exclusão de sócios 

Prevê as condições em que um sócio pode ser retirado da sociedade, como desrespeito às obrigações ou má gestão. 

– Cláusula de transferência de quotas 

Restringe ou condiciona a venda de quotas a terceiros, assegurando o controle familiar da holding. 

– Cláusula de resolução de conflitos 

Define se disputas serão resolvidas via mediação, arbitragem ou em um foro específico. 

Considerar essas cláusulas é essencial na hora de elaborar um modelo de holding familiar, garantindo segurança jurídica e longevidade à empresa. 

Modelo de contrato de holding familiar 

A seguir, disponibilizamos um modelo de contrato de holding familiar simplificado, que pode servir de inspiração para você criar e personalizar seus documentos: 

CONTRATO SOCIAL DE HOLDING FAMILIAR 

Pelo presente instrumento, os sócios abaixo qualificados resolvem constituir uma sociedade limitada, nos termos do Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/2002), mediante as seguintes cláusulas e condições: 

1. Qualificação das partes 

Sócio 1: Nome completo, nacionalidade, estado civil, CPF nº…, , profissão, endereço completo. 

Sócio 2: Nome completo, nacionalidade, estado civil, CPF nº…, , profissão, endereço completo. 

(Repita as qualificações conforme o número de sócios). 

2. Denominação, sede e foro 

A sociedade será denominada “Holding Familiar [Nome] Ltda.”, com sede localizada na Rua …, nº …, bairro …, cidade …, estado …, CEP …, e foro eleito na Comarca de … para dirimir quaisquer dúvidas oriundas deste contrato. 

3. Objeto social 

A sociedade tem por objeto: 

a) A administração e gestão de bens próprios, móveis e imóveis; 

b) A participação em outras sociedades, como sócia ou acionista; 

c) A realização de investimentos em ativos financeiros e imobiliários; 

d) O planejamento sucessório e patrimonial dos sócios. 

4. Prazo de duração 

A sociedade é constituída por prazo indeterminado, iniciando suas atividades a partir da data de assinatura deste contrato. 

5. Capital social 

O capital social é de R$ [valor total], dividido em [número total] quotas, com valor nominal de R$ [valor unitário] cada, integralizado da seguinte forma: 

Sócio Valor integralizado (R$) Número de quotas Percentual (%) 
Sócio 1 R$ … … quotas … % 
Sócio 2 R$ … … quotas … % 

Integralização: O capital social será integralizado com bens móveis, imóveis ou em dinheiro, conforme descrito nos anexos (anexar lista de bens, se aplicável). 

6. Administração da sociedade 

6.1. A sociedade será administrada por (nome do administrador), brasileiro, residente na cidade de …, inscrito no CPF nº …, que exercerá a administração com plenos poderes, podendo: 
a) Representar a sociedade judicial e extrajudicialmente; 

b) Assinar contratos e praticar atos necessários à gestão; 

c) Adquirir, alienar e administrar bens da sociedade. 

6.2. A administração será exercida com transparência e responsabilidade, devendo prestar contas aos sócios anualmente. 

7. Distribuição de lucros e responsabilidades financeiras 

7.1. Os lucros líquidos apurados serão distribuídos anualmente, na proporção das quotas de cada sócio. 

7.2. Caso haja prejuízos, estes serão suportados pelos sócios na proporção de suas quotas. 

8. Transferência de quotas e sucessão 

8.1. A venda ou cessão de quotas a terceiros estranhos à família dependerá de aprovação unânime dos demais sócios. 

8.2. Em caso de falecimento de um sócio, suas quotas serão automaticamente transferidas aos herdeiros legais, respeitando as normas de sucessão familiar. 

9. Exclusão de sócios 

Os sócios poderão ser excluídos da sociedade nas seguintes hipóteses: 

a) Violação grave das obrigações sociais; 

b) Atos de má-fé ou má administração; 

c) Dissidência prolongada que prejudique o funcionamento da sociedade. 

A exclusão será decidida em assembleia geral, com voto unânime dos demais sócios. 

10. Regras de governança 

10.1. A sociedade poderá criar um Conselho de Administração, composto pelos sócios ou seus representantes, para tratar das principais decisões financeiras e patrimoniais. 

10.2. As decisões do Conselho serão registradas em atas e aprovadas por maioria simples. 

11. Cláusula arbitral e resolução de conflitos 

Quaisquer disputas entre os sócios ou relativas ao presente contrato serão resolvidas por meio de arbitragem, nos termos da Lei nº 9.307/1996, sendo designada a câmara de arbitragem da cidade de …, estado ….. 

12. Disposições gerais 

12.1. O presente contrato poderá ser alterado mediante acordo unânime dos sócios. 

12.2. Fica vedada a inclusão de novos sócios sem aprovação unânime. 

12.3. Os sócios se obrigam a cumprir fielmente todas as cláusulas deste contrato. 

E, por estarem assim justos e acordados, assinam o presente contrato em [número] vias de igual teor e forma, na presença das testemunhas abaixo. 

Local e data 

Assinaturas: 

  • Sócio 1 
  • Sócio 2 
  • Administrador (se for diferente) 

Testemunhas: 

  1. Nome, CPF, endereço completo 
  1. Nome, CPF, endereço completo 

Perguntas frequentes 

O que é uma holding familiar? 

Uma holding familiar é uma empresa criada para administrar o patrimônio de uma família, como imóveis, investimentos e participações societárias. Ela facilita o planejamento sucessório, protege os bens e otimiza a carga tributária. 

Como formalizar uma holding familiar? 

Para formalizar uma holding familiar, é preciso definir o tipo societário (Ltda. ou S/A), elaborar um contrato social com cláusulas de administração, sucessão e distribuição de lucros, registrar o documento na Junta Comercial e integrar o capital social. 

Conclusão 

Como vimos, o modelo de contrato de holding familiar é uma ferramenta essencial para proteger, organizar e perpetuar o patrimônio de uma família. Isso porque, com um contrato social bem estruturado, é possível assegurar a gestão eficiente dos bens, otimizar a sucessão entre gerações e evitar conflitos.  

Além disso, ao definir regras claras de administração, distribuição de lucros e transferência de quotas, a holding promove estabilidade, transparência e uma visão de longo prazo, garantindo que o patrimônio familiar seja preservado e valorizado ao longo do tempo.  

E se um contrato bem elaborado é a base para uma gestão patrimonial sólida e duradoura, sua eficácia também depende de um acompanhamento eficiente. Afinal, garantir que prazos, cláusulas e obrigações sejam monitorados evita problemas e fortalece a administração do patrimônio.

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Tiago Fachini

Tiago Fachini

Mais de 300 mil ouvidas no JurisCast. Mais de 1.200 artigos publicados no blog da Projuris. Especialista em Marketing Jurídico. Palestrante, professor e um apaixonado por um mundo jurídico cada vez mais inteligente e eficiente. Siga @tiagofachini no Youtube, Instagram, Linkedin e Twitter.
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